Neste mês, o atleta paralímpico Flávio Rossini, de Mesquita, disputou o Campeonato Brasileiro Loterias Caixa de Natação na classe S11, que engloba os nadadores completamente cegos. Das seis provas para as quais estava classificado, saiu com quatro medalhas: de ouro nos 400m livre individual e no revezamento 4X100 medley de classe visual e de prata nos 100m costas e no revezamento 4X100 livre. Há cerca de um mês Rossini representa o time do Club de Regatas Vasco da Gama. A competição correu no Centro de Treinamento Paraolímpico Brasileiro, na Zona Sul de São Paulo, entre os dias 5 e 8 de dezembro.
“Estou no esporte paralímpico há um ano e quatro meses. Nos 400m livre, fui campeão brasileiro, o primeiro do Brasil. E nos 100m costas, fui o segundo melhor do Brasil, pegando a medalha de prata. Consegui atingir, durante o campeonato, acima de 80% do ITC, que é o Índice Técnico de Competição. Esse resultado me qualifica para as seletivas dos mundiais em Singapura, em outubro do ano que vem”, vibra Rossini, que participará das seletivas em maio, em São Paulo. Ele ainda disputou medalhas nos 50m livre e 100m livre, mas sem conquistar medalhas.
Modéstia não falta a Flávio Rossini. No entanto, até em função do treinamento intenso que ele vem realizando há mais de um ano, a expectativa por trazer ao menos uma medalha de São Paulo no Campeonato Brasileiro Loterias Caixa de Natação era enorme. “Eu sabia que se eu conseguisse fazer na competição o que já estava fazendo nos treinos, tinha uma chance grande de ganhar o ouro nos 400m livre. E foi o que aconteceu: o meu primeiro ouro nacional”, comemora o atleta, que recebe o apoio da Prefeitura Municipal de Mesquita, cidade onde mora.
Rossini treina com Márcio Monteiro, que é professor de natação já há mais de três décadas. Márcio é um nome já bastante conhecido na natação mesquitense. Tanto que, atualmente, é o coordenador aquático da Subsecretaria Municipal de Cultura, Esporte, Lazer e Turismo de Mesquita. E também era um velho conhecido de Flávio. “Rossini foi meu aluno quando era criança, isso já há mais de 30 anos! Nosso reencontro aconteceu há cerca de dois anos e a evolução dele se mostrou completamente surpreendente. Ele é o tipo de atleta que pode participar de jogos paralímpicos e se destacar”, avalia o mestre. Agora, no Vasco da Gama, Flávio também é treinado por Livia Prates, coordenadora de esportes paralímpicos do clube, e Walber Silva.
Reencontro surpreendente
Flavio Rossini nasceu com glaucoma congênito e perdeu a visão do olho direito ainda criança, aos 5 anos de idade. Quando tinha 10 anos, começou a nadar, chegando a competir pela equipe do Tênis Clube de Mesquita. Dedicou-se ao esporte por uma década, abandonando-o em seguida e sem expectativa de retorno. Foi quando perdeu também a visão do olho esquerdo, em 2020 e já aos 40 anos de idade, que uma nova vida começou a se desenhar para ele. E que resultou no retorno às piscinas dois anos depois, ainda que timidamente e mais pelo lazer do que pelo esporte.
Oficialmente, a natação voltou à vida de Rossini como um propósito de vida no ano passado, depois de participar de uma competição de natação com sete atletas. Dentre os competidores, Flavio era o único com alguma deficiência, mas encerrou as provas conquistando o terceiro lugar. E, com isso, percebeu seu próprio potencial como atleta paralímpico.
“Flavio Rossini é uma inspiração para todos os atletas, principalmente os de Mesquita. Nós já trabalhamos o esporte como instrumento de transformação pessoal e social no município, oferecendo diversas modalidades gratuitamente à população e com um olhar mais cuidadoso e atento ao alto rendimento. Estamos colhendo inúmeros frutos em diversas modalidades. E nosso orgulho pelo Flavio e pelos outros atletas que apoiamos só cresce a cada competição”, enaltece Jorge Miranda, prefeito de Mesquita.
