O município de Mesquita foi apontado como um case de sucesso durante o segundo painel do Fórum de Competitividade 2024, que aconteceu na última terça-feira, dia 2, em Brasília. O tema era “Transformação Digital para a Competitividade” e o escolhido para mostrar essa realidade em Mesquita foi o próprio prefeito da cidade. Em sua apresentação, Jorge Miranda citou inúmeras mudanças que melhoraram a qualidade de vida e dos serviços públicos no município, a partir da tecnologia. “Nós temos prontuários eletrônicos em todas as áreas, passando pela Saúde, Educação, Assistência Social, Fazenda, Cultura, Esporte, enfim, conseguimos fazer um diagnóstico amplo, eficaz e capaz de impactar em diversos aspectos da vida daquele cidadão, daquela família. Tudo dividido por território. E com o diagnóstico pronto, é realizar e entregar”, defende Jorge.
Um exemplo prático de mudanças simples e que impactam profundamente na realidade mesquitense mencionado pelo prefeito foi realizado ano passado. A prefeitura entrou em contato com idosos a partir de 65 anos, por chatbot, fazendo-os responder perguntas que verificavam se eles estariam aptos ou não a receber o BPC, o Benefício de Prestação Continuada, previsto na Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS) e que garante um salário mínimo por mês a idosos com idade igual ou superior a 65 anos. “Quando as respostas deles apontavam que pareciam ser de pessoas aptas a receberem o BPC, aparecia um vídeo chamando para irem à sede da prefeitura, em data e horário estipulado, para serem recebidos pela equipe de Assistência Social. Conseguimos receber 95 pessoas, das quais 52 já estão recebendo o BPC. Idosos que sequer tinham conhecimento desse benefício e, principalmente, que poderiam ter direito”, explica Jorge.
Durante sua apresentação, Jorge frisou a importância da ferramenta Colab, que permite que a população faça reclamações e solicite demandas ao governo executivo. Ele também destacou que a cidade inteira está com tecnologia de fibra ótica, para garantir mais velocidade e estabilidade na conexão dos equipamentos públicos. Outro ponto importante ligado à tecnologia é o uso da tecnologia BIM em todas as obras recentes planejadas e realizadas pela prefeitura. “Já licitamos tudo com um projeto final, entregue em 3D. Sabemos que o edifício que vamos construir vai realmente custar aquele valor, podendo variar um percentual baixo. Isso evita aquelas obras que, no meio do processo, passam muito além do custo planejado e são canceladas, para serem relicitadas com um novo custo, bem maior. Isso faz com que o serviço deixe de ser entregue à população”, analisa.
No Portal da Transparência de Mesquita, ainda é possível acompanhar as rotas dos caminhões que fazem a coleta do lixo e dos automóveis que entregam insumos a participantes do programa Hiperdia, direcionado a pacientes com diabetes e hipertensão. Outro ponto em que a tecnologia é adotada está nas pesquisas de satisfação realizadas com pacientes das unidades de saúde. “A pessoa sai e já chega um áudio, depois um vídeo, pedindo para que fale como foi a experiência no equipamento. O paciente avalia o funcionário e também o tipo de serviço prestado. Fazemos isso na clínica, na farmácia, nos exames de imagem e de sangue e em qualquer outro qualquer serviço no qual a gente possa fazer”, conta.
Para Jorge, esse feedback imediato dos mesquitenses é fundamental para garantir a qualidade dos serviços prestados à população. “Isso dá para a gente uma nuvem de sentimentos que a inteligência artificial também começa a entender. Permite que a gente comece a ver o que aconteceu, saiba antecipadamente algum problema que uma região ou equipamento possa estar enfrentando e, assim, tenha condições de tomar a melhor decisão para que o serviço público funcione melhor”, avalia.
Reconhecimento público
Ao final do painel “Transformação Digital para a Competitividade”, o ministro-chefe da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República, Alexandre Padilha, foi convidado a falar no Fórum de Competitividade 2024. Em suas palavras, ele aproveitou para tecer elogios à cidade de Mesquita e ao seu prefeito.
“Jorge Miranda é muito apaixonado pelo que faz. Eu já conhecia a experiência de Mesquita e acho positiva. Quando ele me contou, realmente fiquei muito impressionado com o quanto Mesquita evoluiu, desde o esforço inicial. Sem dúvida alguma, é uma das grandes experiências e referências de políticas públicas municipais para governos estaduais e o governo federal. Eles podem aprender bastante com essa iniciativa”, disse.
Inteligência artificial aliada à educação e saúde
Além de Jorge Miranda, o painel “Transformação Digital para a Competitividade” também contou com a participação de Thiago Rached, cofundador e CEO da plataforma educacional Letrus, e do diretor de Tecnologia de Informação (CIO) do Hospital Sírio Libanês, Ailton Brandão. Os dois engrossaram o coro sobre o quanto a tecnologia pode facilitar a vida de profissionais ligados à educação e saúde e, principalmente, de estudantes e pacientes.
Segundo Rached, uma pesquisa sobre a capacidade de ler e escrever no país mostrou que 88% dos brasileiros não são plenamente letrados. “Eles não conseguem ler um livro do Ensino Médio e nem fazer uma dissertação de uma página. Essa é a nossa realidade”, lamentou ele, que também utilizou dados sobre os resultados de pontuação das redações do Enem para alertar sobre problemas que o setor público enfrenta.
“A gente faz um recorte tentando comparar estudantes de escolas privadas e públicas. A disciplina com a maior discrepância de notas é a redação. É uma diferença de desempenho de 33%, sendo que se trata da mais importante da prova, a que tem maior peso no acesso ao ensino superior”, diz Thiago, defendendo que a partir de uma plataforma educacional e com o uso de novas tecnologias, é possível dar orientações precisas e individualizadas aos estudantes sobre que aspectos precisam ser melhorados na escrita, instantaneamente.
Já Ailton abordou o quão útil a inteligência artificial se mostra inclusive para facilitar a interação entre médicos e pacientes. Segundo ele, um dos pontos está no resumo de histórico médico. “Hoje, o médico demora um tempo da consulta fazendo a anamnésia, entendendo o histórico de cada paciente. Se a inteligência artificial puder fazer um resumo, ajuda bastante e dá mais agilidade a essas consultas médicas”, aponta. Outro fator que pode impactar positivamente é na situação das filas para situações emergenciais. “A tecnologia poderia ajudar no cálculo de risco e nas medidas para diminuir essa espera no público que mais tem necessidades”, exemplifica.
Outro estudo mencionado pelo diretor de Tecnologia de Informação (CIO) do Hospital Sírio Libanês mostra que o uso da automação pode entregar mais qualidade nas tarefas administrativas que são realizadas pelos profissionais de saúde. “Médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem passam muito tempo registrando, documentando e imputando esses dados no computador. Com o auxílio de ferramentas tecnológicas, isso pode ter uma aceleração muito grande. Há estudo indicando uma redução de 50% no tempo de documentação”, diz.
